Pelo segundo ano consecutivo, o Brasil lidera o ranking que mede o
progresso de países em desenvolvimento na luta contra a pobreza. O
ranking é da organização não governamental (ONG) ActionAid.
Os
novos dados foram divulgados hoje (14) no relatório Who’s Really
Fighting Hunger? (Quem Realmente Está Combatendo a Pobreza?), em que a
ONG analisa os esforços em 28 países para combater o problema. As
informações são da BBC Brasil.
A ONG considerou o desempenho dos
países em categorias como presença de fome, apoio à agricultura em
pequenas propriedades e proteção social. O Brasil é seguido por China e
Vietnã. Em último lugar na lista está a República Democrática do Congo.
Como
em 2009, a ActionAid elogia as políticas sociais adotadas pelo governo
federal para reduzir a fome no país, destacando os efeitos benéficos de
programas como o Bolsa Família e o Fome Zero. Porém, o relatório destaca
o pequeno avanço do Brasil em relação aos demais países emergentes
estudados, na adoção de políticas de incentivo à agricultura em pequenas
propriedades.
Nesse quesito, o documento coloca o Brasil na 26ª
posição entre os 28 analisados, à frente apenas da República Democrática
do Congo (27º colocado) e da Guatemala (28º). “O governo [brasileiro]
começou a investir muito mais na agricultura em pequenas propriedades.
Entretanto, ainda há um longo caminho para acabar com a fome e reagir às
imensas desigualdades históricas que existem entre os pequenos e
grandes produtores”, diz o relatório.
Os especialistas que
elaboraram o ranking criticam a concentração de investimentos no Brasil
no setor de agricultura. “O Brasil tem tido a tendência de concentrar
seu investimento em agrobusiness, o que contribuiu para a concentração
de terras nas mãos de um pequeno número de pessoas”, diz o relatório.
Em
seguida, há uma orientação direta para as autoridades brasileiras: “O
governo brasileiro precisa evitar a promoção de biocombustíveis à custa
da segurança alimentar, pois a expansão dos biocombustíveis está
elevando o preço da terra e transformando plantações em combustível”.
O
relatório da ActionAid também destaca que a fome causa um prejuízo
anual de US$ 450 bilhões para os países mais pobres. Segundo a ONG, dos
28 países emergentes analisados no relatório, apenas oito estão a
caminho de conseguir cumprir, no prazo previsto, as Metas de
Desenvolvimento do Milênio, da ONU, para a redução da fome. As metas
preveem que, em relação aos níveis de 1990, os países diminuam pela
metade o número de pessoas subnutridas e de crianças que estão abaixo do
peso ideal até 2015.
“Lutar contra a fome agora vai custar dez
vezes menos do que ignorar o problema. [Em decorrência da fome], todos
os anos, a redução da produtividade dos trabalhadores, os problemas de
saúde e a oportunidade perdida de buscar educação resultam num custo de
bilhões para os países pobres”, disse a presidente da ActionAid, Joanna
Kerr.
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