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segunda-feira, 26 de agosto de 2013

Paraíba registra mais de 1,3 mil mortes por câncer de pulmão; ações alertam sobre a doença

Paraíba registra mais de 1,3 mil mortes por câncer de pulmão; ações alertam sobre a doença

Dados da Secretaria de Estado da Saúde (SES) apontam que nos últimos cinco anos foram registrados 1.381 óbitos por câncer de pulmão e o uso do cigarro responde por 90% das causas desses óbitos. Outra patologia que também tem como fator de risco o uso do tabaco são as doenças cardiovasculares que já mataram 38.027 pessoas na Paraíba nos últimos cinco anos.

Para alertar sobre o problema as Secretarias de Estado da Saúde e da Educação e outros órgãos parceiros estão realizando várias atividades em alusão ao Dia Nacional de Combate ao Fumo. Na última sexta-feira (23) aconteceu uma palestra no Colégio Lyceu Paraibano com a participação de diretores das escolas e coordenadores do Programa de Saúde na Escola (PSE). A palestra foi proferida pelo pneumologista Sebastião Costa.

De acordo com a chefe do Núcleo de Doenças e Agravos Não Transmissíveis da SES, Gerlane Carvalho de Oliveira, o objetivo dessa palestra foi sensibilizar os educadores a trabalharem a temática do tabagismo em sala de aula. “Temos que fazer a prevenção na adolescência, pois é nesta faixa etária que se inicia o uso do cigarro”, justificou Gerlane Carvalho. De acordo com ela, a ideia é mostrar para os jovens os benefícios de uma vida saudável que eles podem ter sem o uso do cigarro.

Ainda como parte da programação, no dia 29, Dia Nacional de Combate ao Fumo, acontecerá uma grande mobilização no Parque Solon de Lucena. Durante a manhã, a partir das 8h, a Secretaria de Estado da Saúde pretende reunir cerca de 3 mil estudantes de oito escolas pública da rede estadual para um grande abraço na Lagoa. As escolas que vão participar desta ação são: Lyceu Paraibano, Instituto de Educação da Paraíba (IEP), Argentina Pereira Gomes, Olivina Olívia, Úrsula Lianza, professor Luiz Gonzaga Burity, Maria Geni de Sousa e Nicodemos Neves.

De acordo com Gerlane Carvalho, nesse dia acontecerão dois pontos de concentração: um na descida do Lyceu Paraibano e outro no estacionamento interno da Lagoa com a distribuição de material educativo com a população. “O nosso objetivo, além de trabalhar a prevenção junto aos jovens, é fazer com que eles se transformem em agentes multiplicadores e sejam mais um parceiro na luta contra o tabagismo”, destacou.

As ações em alusão ao Dia Nacional de Combate ao Fumo serão realizadas em parceria com a Secretaria de Educação do Estado, Agência Estadual de Vigilância Sanitária (Agevisa), Planos de Saúde, Associação Médica da Paraíba e Sociedade de Pneumologia (seccional Paraíba).

Dados - O tabagismo é considerado pela Organização Mundial da Saúde (OMS) a principal causa de morte evitável em todo o mundo. A OMS estima que um terço da população mundial adulta, isto é, 1 bilhão e 200 milhões de pessoas, sejam fumantes. De acordo com estimativas do Instituto Nacional do Câncer, a Paraíba possui hoje 511.480 fumantes e, destes, 99.720 estão em João Pessoa. Segundo a Pesquisa Nacional de Saúde do Escolar (Pense 2012), estudo do Ministério da Saúde (MS) em parceria com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) e apoio do Ministério da Educação, o percentual de adolescentes que experimentaram cigarro caiu em 8% nas capitais, entre 2009 e 2012. O estudo é uma das ações do Programa Saúde na Escola (PSE).

De acordo com Gerlane Carvalho, uma série de medidas do MS tem reduzido a atratividade do cigarro, sobretudo entre os jovens. Entre elas estão a limitação da publicidade do tabaco, proibição de patrocínio de eventos culturais pela indústria, a inserção de imagens de advertência sobre as consequências do tabagismo nos maços e a comercialização de cigarros com sabor.

O uso do cigarro ainda pode potencializar a ocorrência de câncer em outros órgãos do corpo, caso o usuário já tenha alguma predisposição. Os hospitais de referência no Estado no combate aos tipos de câncer relacionados ao uso do tabaco – pulmão, esôfago e laringe – são o Napoleão Laureano, Oncoclínica e Hospital Universitário Lauro Wanderley, em João Pessoa, e Hospital da Fundação Assistencial da Paraíba (Fap) e Hospital Universitário Alcides Carneiro (HUAC), ambos em Campina Grande.

Tratamento – Em toda a Paraíba, existem hoje implantados 37 Centros de Referência para Tratamento dos Fumantes, onde eles podem buscar apoio, de maneira gratuita, para se livrar do vício provocado pela nicotina. O serviço é oferecido em Unidades de Saúde da Família, em Centros de Atenção Psicossocial (Caps), Centros de Atenção Integral à Saúde (Cais), Núcleos de Apoio à Saúde da Família (Nasf) e Centros de Saúde. Em alguns casos, os pacientes abandonam o cigarro com menos de um mês de acompanhamento.

O tratamento nesses centros acontece por meio de programa desenvolvido pelo Ministério da Saúde, que repassa medicamentos ao Estado. Este, por sua vez, é responsável pela qualificação das equipes, monitoramento dos trabalhos realizados nos centros e pelo encaminhamento do material enviado pelo Ministério. Os municípios entram com a administração das unidades de saúde, que vão receber os pacientes.

De acordo com Gerlane Carvalho, ao procurar um dos centros o paciente é recebido por uma equipe multiprofissional, com médicos, psicólogos, enfermeiros, entre outros. “Eles passam, inicialmente, por uma avaliação clínica e começam a integrar um grupo com, geralmente, 15 fumantes, que também querem se livrar do vício”, explicou.

Com o grupo, o paciente enfrenta quatro sessões – comumente, uma por semana. Nelas, os fumantes trocam informações e, sobretudo, recebem orientações de como substituir a ansiedade de fumar. “Por meio de uma avaliação médica, é verificado se o grau de dependência do paciente está tão avançado a ponto de ser necessário tratamento medicamentoso. Cada caso é diferente. Existem fumantes que, na terceira sessão, por exemplo, sem uso de medicação, conseguem abandonar o vício”, contou Gerlane.

O uso dos medicamentos acontece sob monitoramento da equipe do centro. As recaídas são possíveis e, quando ocorrem, os dependentes voltam a ser acompanhados. “Mas, independentemente do trabalho do centro, o paciente precisa querer se livrar do vício para conseguir vencê-lo”, destacou. Em média, os centros formam um grupo a cada trimestre, mas em cidades maiores, como João Pessoa, esta frequência é bem maior.





Da Redação com Paulo Cosme

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