Produção de leite de cabra em pastagem cultivada

A produção de caprinos leiteiros tem se tornado uma opção tecnológica de grande importância para a geração de emprego e renda no Nordeste brasileiro. A maior produção de leite de cabra encontra-se no estado da Paraíba com mais de 18.000 litros produzidos por dia.

O desenvolvimento de políticas públicas de incentivo a caprinocultura leiteira tem sido um fator decisivo para o crescimento da atividade em diversos estados nordestinos.

Um grande desafio encontrado para tornar os atuais sistemas de produção de leite, praticados em todo o Nordeste, mais sustentáveis é o fornecimento de alimento em quantidade e qualidade suficientes, ao longo de todo o ano, a fim de manter uma produção constante.

A grande diversidade e potencial forrageiro da Caatinga na época chuvosa são responsáveis por bons índices produtivos durante a época chuvosa. Há relatos literários de até 1,2kg de leite por cabra em média, nestas condições. No entanto, o período chuvoso que dura apenas quatro meses é incerto pela ocorrência de secas, sendo o longo período seco determinante para reduzir a oferta de forragem tornando os sistemas dependente de insumos externos e pouco sustentáveis.

A introdução de gramíneas perenes é uma alternativa para reduzir a dependência de fatores externos e tornar os sistemas mais sustentáveis. A maior produtividade destas possibilita utilizar áreas menores e preservar áreas maiores de Caatinga, principalmente na época seca.

Estratégias de manejo têm possibilitado que em pastos cultivados na região Nordeste possa ser produzido mais de 20.000 l de leite por ha ano, com cabras da raça Anglo Nubianas de produção média de 850g/cab dia. Enquanto, com uso de cabras Saanen esse valor pode ser de até 35.000l/ha ano, em virtude da maior produção desses animais.

Pesquisas recentes desenvolvidas na Embrapa Caprinos e Ovinos têm atestado que é economicamente viável a produção intensiva de leite de cabra em um hectare de pasto de capimtanzânia. Manejos menos intensivos podem ser utilizados, desde que, haja períodos de carência maiores para pagamentos dos investimentos e até quem sabe, políticas de subsídio que estimulem os pequenos produtores individualmente ou organizados em cooperativas a produzirem leite de cabra.

Apesar de desafios como controle de verminose e altos custos com implantação dos sistemas, a caprinocultura leiteira a pasto surge no cenário produtivo da região Nordeste como promissora e de grande potencial para fixação do homem no campo através de modelos de produção produtivos e sustentáveis que além de tudo abrem uma nova perspectiva de atividade para a utilização de modelos pastoris sustentáveis.

Autores: Ana Clara Rodrigues Cavalcante - Zootecnista - pesquisadora da Embrapa Caprinos e Ovinos e José Antonio Alves Cutrim Junior - Agrônomo - professor do IFMA (Instituto Federal do Maranhão)