De acordo com projeto nacional de
preservação da Memória Histórica do país, articulado por entidades e instituições
públicas, como a Ordem dos Advogados do Brasil, OAB, a Associação Brasileira de
Imprensa, ABI, núcleos de direitos humanos de universidades, do Ministério Público, centros de defesa dos direitos
do cidadão, entre os quais o “Grupo Tortura Nunca Mais,” está ouvindo depoimentos de familiares ou deles
próprios, de personalidades que foram atingidas pela Ditadura Militar de 64 e a
ela resistiram.
No Nordeste, região onde
dois governadores foram depostos pelo Golpe Militar de 64, Miguel Arraes e
Seixas Doria, registros de vários testemunhos
já foram tomados, ressaltando os de Francisco Julião, Seixas Doria, Miguel
Arraes, Djalma Maranhão, David Capistrano, Gregório Bezerra, Paulo Cavalcanti,
Clodomir Morais.
Há poucos dias, a
Universidade Federal da Paraíba, UFPB,através do seu Núcleo de Direitos
Humanos, coordenado pela Pró-Reitora Lúcia Guerra, ouviu o testemunho de
Agassiz Almeida, preso e desterrado à Ilha de Fernando Noronha nos primeiros
dias de abril de 1964,sofrendo também a cassação do seu mandato de deputado
estadual da Paraíba e demissão das funções de Promotor de Justiça e professor da
UFPB, da qual foi um dos fundadores da Faculdade de Ciências Econômicas de
Campina Grande.
Eis algumas passagens do
depoimento de Agassiz Almeida.
O homem, antes de ser um
ente de natureza política, conforme acentuou
Aristóteles há mais de 2000 mil anos, é um ser histórico, expressão de um
processo cultural transmitido no curso e sucessão das gerações. Por este fator o ser humano vem se projetando no
cenário do mundo, na constante busca do progresso.
O drama da vida não está circunscrito apenas a uma mera
condicionalidade biológica. Ele
transcende de muito este aspecto, e é também uma página biográfica.
O Golpe Militar de 64 lançou sobre a nação um
terrível e sombrio manto de 21 anos de tirania, sob o tacão do qual as
liberdades foram sufocadas, torturas infames rojavam nos porões dos quartéis, mortes covardes
saciavam a sanha criminosa de tipos degradados, por fim, este extremo
da monstruosidade humana, desconhecida nos anais dos séculos: o
desaparecimento dos mortos agravado infinitamente com a dor e sofrimento dos seus
familiares.
Este monturo de infâmia precisa ser revolvido.
Basta! A História não
deve ser, pelo silêncio, valhacouto de torturadores e criminosos de delitos de
lesa-humanidade.
Uma lógica absurda quer
nos impor que o vencedor detém a razão.
Que grande mentira ! Esta é a
cínica justificativa pela qual um corporativismo
caolho tenta negar a constituição da Comissão
Nacional da Verdade.
Pacto elitista engendrado
em conciliábulos escusos engendra encobrir os crimes oprobriosos
da tirania militar.
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