Para estimular as famílias brasileiras a adotarem uma alimentação mais saudável, o Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor (Idec) lançou um mapa com a localização das feiras orgânicas no país. Por meio da ferramenta é possível saber os dias e horários de funcionamento e os produtos que são comercializados.
De acordo com o pesquisador do Idec, João Paulo Amaral, estão cadastradas 140 feiras em diversos estados e o número tende a aumentar com a maior divulgação do serviço, já que os consumidores também podem enviar informações sobre os locais de venda desses produtos. Após checados os dados, eles são acrescentados ao mapa.
“Com a ferramenta, as pessoas encontrarão facilmente as feiras orgânicas que existem próximo a elas. Ao mesmo tempo, fará com que mais feiras sejam descobertas pelos próprios visitantes do site. É um serviço interativo que estimula uma prática saudável e sustentável”, disse.
Amaral destacou que o mapa também vai ajudar a fortalecer as economias locais, “na medida em que as vendas são feitas pelos produtores, em uma comercialização direta”.
O pesquisador do Idec enfatizou que, com a divulgação das feiras, há ganhos em relação a essas duas questões, porque os preços dos orgânicos nas feiras costumam ser menores do que nos supermercados. “Fizemos uma pesquisa que indicou que a diferença nos preços dos orgânicos pode chegar a 400% entre os dois tipos de comércio”, acrescentou.
A funcionária pública Gabriela Gonçalves, 27 anos, compra produtos orgânicos semanalmente em uma feira em Brasília. Embora seus gastos tenham aumentado desde que resolveu consumir apenas verduras, legumes e frutas certificados, ela diz que não se arrepende.
“É uma prática muito saudável. Não sei exatamente quanto eu gasto a mais por isso, mas vale a pena porque os produtos são sempre fresquinhos e mais saborosos. Tenho certeza que estou comendo com qualidade, alimentos que não têm agrotóxico”, disse ela, para quem a ida à feira já virou um compromisso.
“Vou toda quinta-feira, sem falta, e ainda tenho a oportunidade de conhecer, conversar e trocar informações com os produtores rurais, já que na feira são eles mesmos que vendem seus produtos. É uma delícia de programa”, acrescentou.
De acordo com o diretor secretário da Associação Brasileira da Agricultura Familiar Orgânica, Agroecológica e Agroextrativista (Abrabio), Marcos Macedo, a prática é saudável não apenas para os consumidores, mas também para quem produz.
“Além de ficarem a salvo de veneno, já que não utilizam agrotóxicos, os produtores orgânicos têm um forte incentivo para se fixarem no campo, que é o preço. Por meio dos programas de compra do governo, por exemplo, recebemos 30% a mais por nossos produtos do que os produtores de itens convencionais. É uma vantagem que faz diferença para o homem do campo”, enfatizou Macedo, que produz, anualmente, 20 mil litros de cachaça orgânica no município de Arealva (SP).
Para fortalecer o setor, o governo federal instalou, em novembro, a Comissão Nacional de Agroecologia e Produção Orgânica, que vai elaborar o Plano Nacional de Agroecologia e Produção Orgânica. Integram o grupo 14 representantes de órgãos e entidades do Executivo, entre os quais o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa). Mais 14 representantes serão indicados por entidades da sociedade civil.
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