TRANSTORNO: 15% dos brasileiros sofrem de enxaqueca

A enxaqueca, tecnicamente chamada de migrânea, é uma doença neurológica crônica, incapacitante, que afeta 15% da população do Brasil, segundo dados da Sociedade Brasileira de Cefaleia. Para muitas pessoas, o problema não é encarado com a devida importância, sendo comum a automedicação, o que pode agravar a intensidade das dores e a manifestação das crises.

Os principais sintomas da enxaqueca são dor latejante, de um lado da cabeça, de moderada a forte intensidade, incômodo com a luz e barulho, e enjoo. Pode ocorrer também alterações na vista, como pontos luminosos, escuros, linhas em 'zig-zag' que antecedem ou acompanham as crises de dor.

O publicitário Leandro Nobre sabe bem o que é sofrer com o problema. Desde os 8 anos de idade o jovem convive com a enxaqueca, que chega sem motivos aparentes. “Não tem uma causa específica. Se eu ingerir bebida alcoólica, por menor que seja a quantidade, eu tenho a crise. Se ficar muito cansado também. Geralmente acontece em meses espaçados, mas quando aparece, eu fico impossibilitado de fazer qualquer atividade, por mais simples que seja”, disse.

Segundo Leandro, as crises costumam gerar sérios transtornos na sua vida. “Eu tenho que ficar trancado no quarto, sem ver qualquer tipo de luz, pois qualquer penumbra incomoda. Fico com a visão bastante afetada, vejo manchas e a dor é muito forte”, relatou.

O neurologista Ariovaldo Alberto da Silva, da Sociedade Brasileira de Cefaleia, explicou que as manifestações podem aparecer em diferentes níveis. “Enxaqueca é uma doença causada por hereditariedade, se você tem enxaqueca, provavelmente algum familiar também teve. As manifestações podem aparecer de duas formas, a primeira acontece esporadicamente, é menos preocupante e com analgésico se resolve. A segunda é de ordem crônica, é mais complexa, precisa de acompanhamento médico e geralmente vem acompanhada de abuso de analgésicos”. Segundo o especialista, a automedicação é um dos principais problemas para quem sofre do problema, podendo transformar a enxaqueca simples em complexa. “O abuso de medicamentos é a causa mais comum da cronificação da enxaqueca. Não há problema em tomar analgésico, desde que não ultrapasse o limite de duas vezes por semana. A principal dica é procurar um médico, ele quem vai identificar e auxiliar o paciente sobre a medicação”, disse Ariovaldo Alberto da Silva.