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sexta-feira, 18 de maio de 2012

Alta no preço do milho por seca na PB é oportunismo, diz pesquisador

Milho de feiras não vem de áreas afetadas pela seca, diz pesquisador.
Abastecimento estaria garantido com produção vinda de áreas irrigadas.

Uma das preocupações dos consumidores no período de seca é de que a escassez da chuva interfira no preço dos alimentos. E com a proximidade do São João, o milho pode se tornar um dos vilões do orçamento. Apesar dos valores já terem subido nas feiras livres da Paraíba, um pesquisador da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) considera a mudança oportunista. Segundo Walter Milton Cartaxo, os grãos vendidos nas feiras e supermercados da Paraíba não são produzidos em municípios que sofrem com a seca. O abastecimento estaria garantindo com a produção de áreas irrigadas de outros estados, o
que não justificaria a alta de preços.  "Alguns produtores argumentam que a oferta está muto baixa e a demanda está muito alta, então quer aumentar o preço. É uma coisa que preocupa porque nós vivemos à mercê da produção feita fora", explicou. Para ele, os produtores de localidades não atingidas pela seca estariam se aproveitando da situação e inflacionando o preço do alimento no momento de repassá-los ao comércio. Enquanto nas feiras do Sertão o preço do quilo do feijão chega a R$ 10, nos supermercados pode ser encontrado por R$ 3, segundo o pesquisador.
Everton Bronzeado, assessor técnico da Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural da Paraíba (Emater-PB), também acredita que o aumento é abusivo. Segundo ele, a produção de milho na Paraíba não é destinada à venda, mas seria de subsistência, voltada para o consumo próprio dos agricultores e suas famílias.
A seca, neste caso, estaria afetando na produção e venda de legumes e hortaliças. "A perda foi praticamente total para quem plantou mais cedo nas chuvas de fevereiro e nós não temos perspectiva de chuva para os próximos dias", lamentou.
Para a comerciante Francisca de Oliveira, que trabalha há 50 anos na Feira Central de Campina Grande, não vai faltar milho no São João. "A gente está recebendo de Ibimirim, em Pernambuco, Limoeiro do Norte, Boqueirão, de algumas cidades do Brejo paraibano", explica.
Já em Pernambuco, com a falta de chuva, as plantações locais só sobrevivem através da irrigação. No Centro de Abastecimento e Logística de Pernambuco (Ceasa-PE), 80% dos produtos vendidos são cultivados no próprio estado e a expectativa é de que a oferta caia por conta da seca.
Segundo o diretor técnico Paulo de Tarso, o milho vendido atualmente já custa quase o dobro do ano passado. A expectativa é de que, em junho, o preço da mão fique em torno dos R$ 20 e R$ 25, podendo chegar até a R$ 30. No ano passado, o valor máximo era R$ 15.

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