Conservar e multiplicar variedades de sementes crioulas é uma atividade desenvolvida por agricultores familiares, comunidades quilombolas e indígenas em todo o Brasil. Sem passar por processo de melhoramento genético, essas sementes são resultado de um trabalho de seleção natural feito por quem observa as características das plantas por vários anos.
O analista da Embrapa Recursos Genéticos e Biotecnologia, Leonel Gonçalves Pereira Neto, explica que esse material pode apresentar maior resistência aos fatores climáticos adversos e adaptação a diferentes tipos de solos. “Temos sementes de milho coletadas há mais de 40 anos em nossa coleção de base. O material é preservado e pode ser usado para resgatar espécies que forem perdidas ou deixaram de ser tão produtivas em determinados tipos de clima e solo”, ressalta.
Entre as variedades crioulas, existem sementes de milho, feijão, arroz silvestre, cucurbitáceas (da família das abóboras), fava (tipo de leguminosa), entre outras. Algumas possuem características ecológicas e nutricionais que podem contribuir significativamente para a autonomia, a segurança alimentar e aumento de renda quando disponibilizadas aos agricultores familiares.
A pesquisadora Terezinha Dias, também da Embrapa Recursos Genéticos e Biotecnologia, define os guardiões de sementes como “agricultores que se destacam dos demais por serem grandes conservadores da diversidade de cultivos, que são identificados e reconhecidos pela comunidade a qual pertencem”. Segundo ela, eles são pessoas-chave para o repasse de conhecimentos tradicionais relacionados à agricultura.
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