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sexta-feira, 14 de junho de 2013

Zabé da Loca, ícone da Cultura do Cariri, será tema de filme

Zabé da Loca, ícone da Cultura do Cariri, será tema de filmeA equipe de produção da série Visceral Brasil – as veias abertas da música está em pré-produção na Paraíba para a gravação do seu segundo episódio, intitulado Sob o céu de Zabé, que conta a história da tocadora de pífano Zabé da Loca, que recebeu, em 2008, a Ordem do Mérito Cultural do Ministério da Cultura e foi eleita Revelação da Música Brasileira. As gravações terminam nesta terça-feira, dia 11, na cidade de Monteiro, no Cariri da Paraíba.
Já houve gravações no Assentamento Santa Catarina, local em Zabé vive desde 2003. Também houve gravações na loca em que Zabé viveu por 25 anos, no Sítio Tungão, a 19 km de Monteiro. No sábado, 8, a equipe do Visceral Brasil registrou um encontro entre Zabé e músicos e poetas da região
“A proposta é registrar o ambiente, o lugar que “formou” Zabé, a paisagem e o universo inspiradores. Vamos filmar o céu, os trabalhadores rurais, o movimento que faz o tempo no sertão, os dias, as horas, os minutos que passam de uma forma muito única, com um ritmo próprio”, explica a diretora da série, Marcia Paraíso.

Zabé da Loca é tocadora de pífano, uma flauta rudimentar e tradicional do Nordeste brasileiro. Nasceu em 1924 e é natural da região de Buíque, agreste do Pernambuco. Durante toda a infância e juventude, a artista passou trabalhando no campo e fazendo música na cidade de Buíque. Casada, mudou-se para o interior da Paraíba, teve três filhos e, quando ficou viúva, viu sua casa, literalmente, ruir.
A única alternativa foi mudar-se com a família para uma gruta (uma loca, na linguagem da região), cuja entrada ela tapou com paredes de taipa e onde passou o seguinte quarto de século. Surgiam ali o apelido e as condições que talhariam a sua música. Do pife, Zabé da Loca extraiu o som do seu universo paralelo.
Descoberta pela mídia em 1995, a artista saiu da caverna. Assentada da Reforma Agrária, sua música – sem tempo, sem espaço – faz sentido tanto para os tradicionalistas quanto para os jovens. A pifanista serviu de inspiração em discos de artistas como o percussionista argentino Ramiro Mussoto e o grupo paraibano Cabruêra.
Em 2007, aos 83 anos, gravou seu terceiro álbum, intitulado Bom Todo. O título do álbum é a forma como Zabé da Loca se refere a algo ou a alguma coisa que considere maravilhosa.
Visceral Brasil é uma produção da Plural Filmes em parceria com a Joner Produções. Serão treze documentários sobre as raízes da música brasileira, sua diversidade e seus grandes mestres que, sem romper com suas origens, extrapolaram a visibilidade regional e tornaram-se referência para a MPB. A estreia da série está prevista para o primeiro semestre de 2014 na TV Brasil.
Durante todo o ano de 2013, a equipe de produção do Visceral Brasil vai percorrer diversas cidades da Bahia, Paraíba, Pará,Maranhão, Minas Gerais, Pernambuco, Rio Grande do Sul e Rondônia com o desafio de registrar o universo musical dos treze personagens escolhidos: Bule Bule, Zabé da Loca, Mestre Humberto, Dona Onete, Mestre Vieira, Mestre Laurentino, Côco Raízes de Arcoverde, Dona Maria do Batuque, Pedro Ortaça, Giba Giba, Arlindo dos 8 baixos e o grupo Zambiapunga.
Com curadoria de Carla Joner e direção de Márcia Paraíso, cada episódio terá uma linguagem própria, coerente com o perfil de cada personagem. O episódio sobre Bule Bule também é codirigido por Carla Joner.
O primeiro episódio da série foi gravado na Bahia em abril. Intitulado O trovador, o cabra e os mundos, o documentário retrata o músico, escritor, compositor, poeta, cordelista, repentista, ator e cantador baiano Antônio Ribeiro da Conceição, o Bule Bule. O episódio tem cenas gravadas também em Lisboa – onde Bule Bule se apresentou durante as atividades do Ano do Brasil em Portugal e encontrou Dona Onete, cantora paraense que também será tema de um dos episódios da série. Bule Bule percorreu as ruas de Lisboa, versando e descobrindo a terra de origem da literatura de cordel e do repente.

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