Cientistas anunciaram ter conseguido expulsar o vírus da Aids dormente em glóbulos brancos usando um medicamento destinado ao tratamento de câncer. A capacidade do código genético do HIV de se esconder em células e despertar anos mais tarde é um dos principais obstáculos para se chegar a uma cura.
A nova pesquisa, publicada na edição de quinta-feira (26) da "Nature", abre a perspectiva de a ciência dominar uma maneira de tirar o HIV de seu “esconderijo” para eliminá-lo. Usando a droga quimioterápica Vorinostat, os pesquisadores americanos conseguiram despertar e “desmascarar” o vírus latente em glóbulos brancos CD4+T de oito pacientes. Com a droga, eles saíam dos glóbulos brancos, ficando momentaneamente sem poder voltar. O HIV é um retrovírus, o que significa que injeta seu DNA em células hospedeiras, que viram fábricas de vírus.
"Após uma única dose da droga, pelo menos por um momento, o Vorinostat faz com que o vírus saia do seu esconderijo", disse David Margolis, um dos autores estudo. Sem uma célula hospedeira, em teoria, ele morre em questão de minutos. "Esta é uma prova do conceito de que o vírus pode ser alvejado especificamente dentro de um paciente por uma droga e, essencialmente, abre o caminho para que esta classe de fármacos seja estudada para o uso desta maneira".
O medicamento tem como alvo uma enzima que permite ao vírus ficar latente. Os autores ressalvaram que o efeito observado no Vorinostat é apenas um indicativo de que uma cura pode ser alcançada por esse caminho, mas que ele ainda precisa ser mais explorado.
"Há uma possibilidade de que isso possa funcionar. Mas, se é apenas 99% verdade e 1% dos vírus escapar, não haverá sucesso. É por isso que temos que ter cuidado com o nosso trabalho e o que afirmamos a respeito dele“, disse Margolis à agência AFP.
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