Para o senador Cássio Cunha Lima
(PSDB-PB), “o voto é um direito e um dever”. Ele defendeu o voto
obrigatório na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) nesta
quarta-feira, 02, durante discussão da PEC 55/2012, que tornava o voto
facultativo no Brasil. A matéria foi derrotada por 16 x 6.
O texto modificava a Constituição para
liberar os maiores de 16 anos da obrigatoriedade do voto. A proposta,
todavia, mantinha o alistamento eleitoral obrigatório para todos os
brasileiros maiores de 18 anos. A CCJ discutiu a matéria por quase três
horas.
CIDADANIA - Ao longo do debate foi se
evidenciando ampla maioria a favor da tese de que o voto é tanto um
direito quanto um dever. Tese esta advogada por Cássio Cunha Lima. O
primeiro que expressou essa visão foi o senador Aloysio Nunes Ferreira
(PSDB-SP), depois de relatar que pensava diferente e que mudou de
opinião. Ele observou que o “dilema” já existia desde a Revolução
Francesa, quando se discutia os “contornos da cidadania” e se posicionou
a favor da ideia da função social do voto.
- O cidadão só se complementa quando sua
ação, por meio do voto, ajuda a construir a expressão da soberania
popular – justificou.
Em sintonia com o líder Aloysio, o
vice-líder do PSDB no Senado, Cássio Cunha Lima, definiu o voto como “um
direito e um dever”. Cássio argumentou que “tornar o voto facultativo
seria fortalecer o poder de influência da massa pública nas camadas mais
suscetíveis da população, além de engrossar a expressão dos chamados
votos ideológicos e desestimular a participação da camada média, já à
margem da votação”.
R$ 3,51 - Atualmente, a Justiça Eleitoral
impõe multa que pode chegar a R$ 3,51 ao eleitor que deixar de votar e
não justificar sua ausência às urnas. Porém, se não cumprir esta
exigência, ele terá de enfrentar os seguintes impedimentos:
impossibilidade de se inscrever em concurso e tomar posse em cargo
público; suspensão do recebimento de salário (se servidor público);
proibição de participar de licitações, obter empréstimo em bancos
oficiais, tirar passaporte ou carteira de identidade, renovar matrícula
em instituição de ensino e praticar qualquer ato para o qual se exija
quitação com o serviço militar ou Imposto de Renda.
Contrários à PEC, os senadores Cássio
Cunha Lima, Humberto Costa (PT-PE) e Pedro Simon (PMDB-RS) afirmaram que
o voto no Brasil já é facultativo, na prática, uma vez que o eleitor
pode pagar multa para justificar sua ausência.
INTERESSES - Relator da proposta, o
senador Pedro Taques (PDT-MT) disse que os países "influentes e que
servem de modelo para os demais" não têm suas eleições contestadas em
razão do número de eleitores que vão às urnas com o voto facultativo. O
relator afirmou que “o fato de o eleitor comparecer a uma seção
eleitoral não significa que ele está interessado nas propostas dos
candidatos e dos partidos políticos".
No debate da CCJ, os senadores observaram
que países com voto facultativo lidam com níveis de ausência às urnas
tão elevados que chegam a comprometer a representatividade dos eleitos.
Neste caso, e a propósito, é atribuída a Martin Luther King uma frase
exemplar: “O que preocupa não é o grito dos maus, mas o silêncio dos
bons”.
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