Fórum das Entidades Representativas do Ensino Superior Particular
encaminhou documento ao MEC, que classifica avaliação como “capenga”.
Segundo o MEC, existem no país 2.112 instituições de ensino superior
privadas com 5,1 milhões de alunos, que representam 73% das matrículas
do ensino superior no Brasil.
O Fórum das Entidades Representativas do Ensino Superior Particular –
formado por instituições privadas de ensino superior de todo o Brasil –
está divulgando, na imprensa nacional, uma carta de repúdio ao Enade
(Exame Nacional de Desempenho de Estudantes), colocando em xeque a
credibilidade do exame, criado pelo MEC para avaliar o rendimento de
alunos da graduação (ingressantes e concluintes). As entidades
classificam a avaliação do Enade como “capenga”. Segundo o documento, a
falta de compromisso dos estudantes que participam do exame prejudica a
avaliação das instituições. Segundo o Censo da Educação Superior
(MEC/2012), existem no país 2.112 instituições de ensino superior
privadas com mais de 5,1 milhões de alunos, que representam 73% das
matrículas do ensino superior no Brasil.
A carta – que tem como título “A falácia do Enade” – abriu uma
discussão nacional: o Enade avalia realmente o desempenho do aluno, a
qualidade do seu curso e da instituição onde está matriculado? O Fórum
defende que não e apresenta vários argumentos.
Um deles é que “os estudantes que participam do Enade não têm nenhum
compromisso com o resultado do mesmo. Podem entregar a prova em branco,
responderem aleatoriamente, responderem uma ou duas questões e deixarem
as demais em branco, darem respostas com ‘receitas de bolo’ ou o ‘hino
do Palmeiras’”, diz um trecho do documento.
Em seguida, acrescenta: “Basta assinarem a presença e entregarem o
questionário com dezenas de respostas, das quais duas serão tomadas como
única e final na avaliação da organização pedagógica do curso e das
instalações acadêmicas (laboratórios, serviços). O aluno pode obter o
conceito zero que o seu diploma será expedido. Não há nenhum tipo de
punição para o aluno irresponsável ou brincalhão, como acontece, por
exemplo, no Enem”, argumenta a carta.
Nota individual do aluno não é divulgada como no Enem
"O problema é que o aluno que boicota o Enade não sofre nenhum tipo
de punição como acontece com quem não faz o Enem (Exame Nacional de
Ensino Médio”, comentou Paulo Gomes Cardim, presidente da Anaceu
(Associação Nacional dos Centros Universitários), em entrevista à Folha
de São Paulo.
“As notas obtidas no Enem são utilizadas no processo seletivo de
todas as universidades federais do país, além de programas federais como
o ProUni (bolsas no ensino superior privado) e o Ciência sem Fronteiras
(bolsas de estudos no exterior). Já no Enade, a nota individual dos
alunos não é divulgada, mas a nota geral do curso avaliado é pública”, diz trecho da matéria da Folha.
“Avaliação capenga”
Para as sete entidades do ensino superior privado que assinaram a carta, “o
Ministério da Educação, por seus dirigentes, tem demonstrado desprezo
com a real avaliação da qualidade da educação superior. Ludibria a
sociedade com uma ‘avaliação capenga’, pelo Enade, ao tempo em que gasta
recursos públicos na realização desse Exame, sem qualquer retorno real
para os estudantes, as instituições e a sociedade”, criticam.
Nota não vai para o histórico escolar
Segundo o MEC, o Enade é obrigatório para os alunos selecionados e
condição indispensável para a emissão do histórico escolar. A primeira
aplicação ocorreu em 2004. No entanto, para o Fórum das Entidades, o
Enade não avalia a qualidade real dos cursos porque muitos alunos não
têm compromisso com o exame e a nota não vai para o histórico escolar do
estudante.
“Há 18 anos (Provão e Enade), os governos nada fizeram para advertir
ou punir o aluno que “brinca” de fazer esses exames. A paúra política
que os governos têm da UNE resultou em acordos para não responsabilizar o
aluno pelo seu desempenho fraco ou irresponsável no Enade e não fazer
constar no histórico escolar a nota ou o conceito recebido”, afirma outro trecho da carta.
Faculdades estão prejudicadas
Para as faculdades privadas que fazem parte desse Fórum (mais de 2 mil),
isso está prejudicando instituições de ensino em todo o país, que
acabam recebendo do Ministério da Educação (MEC) baixos conceitos no
Enade, que não demonstram a qualidade real dos cursos avaliados.
“Esse desgoverno na avaliação da qualidade da educação superior tem
prejudicado sensivelmente as instituições da livre iniciativa que atuam
nessa área, uma vez que as instituições públicas não estão sujeitas às
mesmas regras. Estas podem ser mal avaliadas pelo Enade que o governo
ainda pode dar apoio institucional e financeiro para o ‘saneamento de
deficiências’”, conclui a carta do Fórum.
Quem assina a carta
O documento é assinado por sete entidades que representam instituições
de ensino superior: ABMES (Associação Brasileira de Mantenedoras de
Ensino Superior), Abrafi, Anaceu (Associação Nacional dos Centros
Universitários), ANET (Associação Nacional das Escolas Técnicas), ANUP
(Associação Nacional das Universidades Particulares), Fenep (Federação
Nacional das Escolas Particulares) e Semesp (Sindicato das Entidades
Mantenedoras de Estabelecimentos de Ensino Superior no Estado de São
Paulo).
Da Redação
com Assessoria
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