Os paraibanos vão ter somente este fim de semana para comprar remédios antes do anúncio do reajuste anual dos medicamentos. O Ministério da Saúde informou que nesta segunda-feira será publicada no Diário Oficial da União a tabela com o valor do teto máximo de reajuste autorizado pela Câmara de Regulação do Mercado de Medicamentos (CMED), formada por uma equipe interministerial liderada pelo ministério. Se o aumento adotar o acumulado dos últimos 12 meses do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), que mede a inflação oficial do Banco Central, como ocorreu no ano passado, a alta chegará a 6,31%.
Segundo o Ministério da Saúde, a indústria farmacêutica renova os preços logo após o anúncio do governo federal. O aumento de preços é calculado a partir de variáveis como as expectativas de inflação, de ganhos de produtividade das empresas de medicamentos e o preço dos insumos usados na produção dos remédios. É ainda levada em consideração no cálculo a variação da cotação do dólar e o índice de preços da energia elétrica.
Para o secretário da Federação das Associações de Aposentados, Pensionistas e Idosos da Paraíba e membro do Conselho Deliberativo da Confederação Brasileira dos Aposentados, Pensionistas e Idosos, Francisco Nóbrega, os gastos com remédios representam até, em alguns casos, cerca de 40% do orçamento mensal dos aposentados que ganham um salário mínimo (R$ 678). “O governo federal não tem dado a atenção necessária ao idoso, principalmente no caso dos medicamentos contínuos. Tem muita propaganda e pouca iniciativa. Nem todos os remédios têm nas Farmácias Populares. O governo federal deveria estimular a gratuidade de alguns medicamentos porque trata-se de um item essencial”.
Francisco Nóbrega afirmou que, no caso dos remédios de uso contínuo, a dificuldade é maior porque há a exigência de receita médica. “É muito difícil conseguir uma receita médica nos postos do PSF (Programa Saúde da Família). Eles têm que enfrentar filas quilométricas e nem sempre há médico no local”, se queixou. Já nas ruas de João Pessoa, a notícia do reajuste no início de abril pegou muita gente de surpresa. Uma delas foi a vendedora Rosana Sabino, que estava na farmácia Big Ben da avenida Epitácio Pessoa. “Minha mãe gasta cerca de R$ 200 por mês porque ela usa remédio de uso contínuo. Não sabia do reajuste, mas agora vou correr para comprar todos para economizar este mês”, disse.
O farmacêutico da Big Ben, Sandro Michel, disse que o reajuste causa estranhamento nos clientes, mas não causa queda nas vendas. “Muita gente nota a diferença no preço, mas não deixa de comprar”.
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