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sábado, 15 de junho de 2013

Painel promovido pelo JORNAL DA PARAÍBA discutiu o papel dos profissionais de comunicação enquanto mediadores da informação

Profissionais ameaçados, censura na divulgação e acesso à informação e à democracia. Essas e outras questões sobre liberdade de imprensa e atuação dos veículos e profissionais de comunicação foram discutidas nesta sexta-feira (14) durante o painel “Imprensa e Liberdade em Pauta”, promovido pelo JORNAL DA PARAÍBA, no auditório do Fórum Cível, em João Pessoa.

O papel dos profissionais de comunicação enquanto mediadores da informação foi o tema mais recorrente entre o grupo de expositores, formado pela professora e coordenadora do Mestrado Profissional de Jornalismo da Universidade Federal da Paraíba (UFPB), Joana Belarmino; o professor da Universidade de São Paulo (USP), articulista do jornal O Estado de São Paulo e colunista da Revista Época, Eugênio Bucci; o presidente da Associação Nacional de Jornais (ANJ), Carlos Fernando Lindenberg Neto; e o senador paraibano Vital do Rêgo Filho. A editora executiva do JORNAL DA PARAÍBA, Angélica Lúcio, foi a mediadora do debate.

A censura estabelecida aos jornalistas e aos meios de comunicação por parte das esferas governamentais, até mesmo no poder judiciário, como fator que ameaça o direito da sociedade à informação e à liberdade de imprensa foi o discurso levantado pelo professor da USP, Egênio Bucci, durante o evento.


Para o estudioso, a liberdade de imprensa é um direito absoluto e cabe aos veículos de comunicação informar à sociedade sobre os atos do governo. Ainda de acordo com Eugênio Bucci, a violência praticada no Brasil contra jornalistas, como ameaças, perseguições e assassinatos são maneiras de intimidar a imprensa. “Quem precisa informar sobre os atos do poder público são as instituições independentes. São elas que podem estabelecer opiniões múltiplas. A imprensa não tem a obrigação de agradar o governo. Ela existe para fortalecer o debate na sociedade. O governante não recebe o mandato para editar o debate público”, defendeu.

O presidente da Associação Nacional de Jornais (ANJ), Carlos Fernando Lindenberg Neto, revelou que a censura jurídica, que tem acontecido em alguns estados do país, tem prejudicado o trabalho dos profissionais da imprensa e também dos jornais, enquanto veículos propagadores da informação. De acordo com Carlos Fernando Lindenberg, a liberdade de imprensa no Brasil avançou muito nos últimos 25 anos, no entanto, a situação ainda é preocupante diante das ameaças de violência sofridas pelos profissionais de comunicação.

“O que mais nos preocupa são os assassinatos e a impunidade desses assassinatos. As três mortes de jornalistas no Brasil registradas este ano revelam que nós ainda vivenciamos uma situação difícil. Lembro ainda de outra forma de cerceamento da liberdade de imprensa que é o assédio jurídico, cujo objetivo é paralisar o jornalista e o jornal”, lamentou.

Os expositores defenderam ainda a importância da liberdade de imprensa para a sociedade na defesa dos direitos coletivos e questionamentos ao poder público. Na opinião do senador paraibano Vital do Rêgo Filho, a liberdade de imprensa contribui para a democracia e para incentivar o debate na sociedade. “A imprensa exerce o papel de guardiã da liberdade política e pública, incentivando o debate e o acesso à informação. Sou radicalmente contra a qualquer controle social da mídia, que não seja do cidadão”, reforçou.

O superintendente da Rede Paraíba de Comunicação, Guilherme Lima, também lamentou as tentativas, por parte de algumas esferas do poder público, em controlar os veículos de comunicação e censurar a atividade jornalística . “São iniciativas que estão sempre aparecendo com o propósito de estabelecer censura", disse.

DOCENTE DEFENDE IMPRENSA LIVRE

O debate ainda abriu outras discussões acerca da atuação da imprensa, como a obrigatoriedade do diploma para exercer a profissão de jornalista, o marco regulatório para a comunicação e a ética dos profissionais da imprensa. A professora Joana Belarmino defendeu o cuidado e a ética no tratamento e divulgação da informação por parte dos jornalistas e veículos de comunicação.

Para a pesquisadora, a liberdade de expressão é um direito dos cidadãos e o dever do jornalista é mediar o debate entre o poder e a sociedade a partir do que é produzido pela imprensa.

“O que a mídia faz hoje é uma cobertura homogênea do que a gente tem no país todo e se esquece da pluralidade que há na sociedade.

Isso gera uma homogeneização nos conteúdos. A imprensa encontra obstáculos em todos os setores e a relação entre ela e o poder é muito complicada. Ora o poder se utiliza da imprensa quando lhe é conveniente, ora a rechaça. Nós precisamos de uma imprensa livre, mas ela ainda não existe”, frisou a pesquisadora.

Durante mais de três horas de debate, estudantes, profissionais de comunicação e representantes de entidades que defendem o direito dos profissionais de comunicação, acompanharam atentos as colocações do expositores. Para a jornalista Ana Amélia Lima, o evento foi uma oportunidade para discutir a liberdade de imprensa do ponto de vista dos profissionais, pesquisadores e empresários. “Foi um debate plural e importante para mostrar que a mídia brasileira é muito monopolizada e a informação fica concentrada", afirmou.


JP

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