Após se perder de casa, um garoto de dez anos que vive em no Abrigo Lar da Criança em Salvador, recebeu a vista da mãe nesta quinta-feira. Jaciara Lima Gonçalves, que não abraçou o filho duranteo encontro, afirmou que não pretende levar o filho pra casa, mas que não quer que o filho seja adotado.
"Só quero olhar para cara dele, não quero nada mais não. Repito o que meu pai disse, o que todo mundo disse, que não era para ele ir para casa, porque vai fugir, traquinar. Quando a gente ia bater nele, ele fugia. Ainda sou mãe de olhar para cara dele", relatou a mulher, que possui oito filhos. O menino também pediu à juíza da Infância e Juventude para continuar no Abrigo Lar da Criança, que fica no bairro Vila Laura.
A polícia encontrou o garoto sozinho nas ruas de Salvador e não conseguiu contato com a família. "No dia 8 de setembro, ano passado, por volta da meia-noite, ele foi encontrado por uma ronda policial e entregue à 1ª Vara [da Infância e Juventude]. Nós acolhemos no abrigo. Tentamos localizar familiares, ele passou por assistente social, psicóloga, é menino bem esclarecido. Ele contava tudo, nome de pai, de mãe, irmãos, só não sabia o endereço. Falava muito de uma irmã pequena, a que ele mais gosta", afirma a juíza Mariana Varjão, que acompanha o caso.
O Juizado se responsabilizou pela busca da mãe e proporcionou o encontro. O garoto também não pretende voltar pra casa. "Para a nossa surpresa e a nossa tristeza, a mãe já veio dizendo que ele continuasse abrigado. Mas ele também verbaliza que não quer voltar para a casa. Vai continuar institucionalizado, vamos fazer a reinserção aos poucos, através de visitas domiciliares", explica a magistrada.
Segundo Mariana Varjão, a mãe da criança disse que ele "sabe o que passou, que sofreu muito" e, por isso, quer que ele continue no abrigo. "Mas nós vamos ver o que é melhor para ele. Ele é muito esperto, está na segunda série, brinca, gosta de futebol. Muito ativo, só não quer voltar para casa", retrata a juíza. O motivo do sofrimento não foi relatado pela mulher.
O Juizado ainda descobriu nesta quinta-feira que um irmão da criança também vive abrigado. O irmão tem quatro anos, possui síndrome de down e está em uma das unidades especiais há quatro anos. A juíza afirma que ele será procurado nos próximos dias.
Em Salvador, cerca de 600 crianças e adolescente moram em abrigo, por situações diversas. A juíza explica que algumas são filhos de moradores de rua, outras vivem em conflito doméstico, além de filhos de pessoas muito jovens.
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