Carolina e Yuri possuem poupança para gastos com casamento, mas vão usar parte do dinheiro para uma viagem |
Poupar, ou seja, gastar com reserva. Uma palavra tão conhecida, mas tão difícil de concretizar. O mais comum é faltar e não sobrar dinheiro no final do mês. Mas economistas alertam que todo mundo, até quem ganha um salário mínimo, pode ter uma reserva de dinheiro. E o resultado pode ser surpreendente. Quem guardar mensalmente R$ 500 na velha caderneta de poupança, por exemplo, terá em um ano R$ 6.182,46, considerando o rendimento de 5,6% no acumulado de 12 meses.
Mas para ser um poupador vale antes de tudo atitude, disciplina e motivação. Quando um trabalhador se propõe a guardar determinado valor, tem que ter em mente algum objetivo: comprar ou reformar a casa, trocar de carro, quitar dívidas, fazer uma viagem, não importa o que o impulsione. Esperar o último dia do mês para guardar algum excedente também não funciona.
“O melhor dia para guardar dinheiro é aquele que você tem dinheiro.
Portanto, no dia que receber seu salário separe uma parte, coloque em uma aplicação e aprenda a viver com o que sobrar. Os profissionais liberais e comerciantes que não têm renda definida devem ter a disciplina de, quando possível, fazer a separação de uma parte do dinheiro para a reserva”, afirmou o consultor financeiro Erasmo Vieira.
E para que o trabalhador consiga viver com o que sobra, é importante não acumular dívidas e evitar os supérfluos. Segundo o economista Cláudio Rocha, um dos fatores preponderantes para uma pessoa poupar dinheiro é avaliar o padrão de vida adotado e os hábitos de consumo. “A pessoa pode ter um salário elevado, mas, dependendo da forma como vive, o orçamento tende a extrapolar e ela fica impossibilitada de ter uma reserva”, afirmou Rocha.
Para o economista, até quem ganha um salário mínimo (R$ 678) pode poupar. Pensando assim, vamos imaginar que uma pessoa com renda de um mínimo gaste todos os dias da semana R$ 2,00 com algo que não lhe faz tanta falta: a compra de uma sobremesa, por exemplo. Com este hábito, ela retira do seu orçamento mensal R$ 56,00 e por ano poderia juntar, em casa, R$ 672. O que daria para comprar à vista o tão sonhado smartphone, por exemplo.
Isso quer dizer que com planejamento e alguns ‘sacrifícios’ é possível poupar dinheiro. Mas, claro, não se pode passar toda a vida contando as moedas que sobram das compras. “Dinheiro foi feito para gastar, portanto a reserva pode ser utilizada, mas depois deve ser construída novamente. Ter uma reserva financeira é importantíssimo, é uma tranquilidade, um colchão para qualquer eventualidade”, frisou o consultor financeiro Erasmo Vieira.
POUPANÇA COMEÇA COM 10%
O consultor financeiro Erasmo Vieira afirmou que cada pessoa ou família tem objetivos e necessidades diferentes. Por isso, a forma de acumular excedente varia conforme os projetos e condições financeiras de cada poupador. Mas, se a pessoa não consegue guardar nada, deve começar a reservar pelo menos de 5% a 10% do seu salário todo mês e viver com 90% da remuneração.
Se uma família composta, por exemplo, por um casal e um filho de cinco anos tem renda mensal de R$ 5 mil, deve poupar R$ 500 e os R$ 4.500 pagar as contas da casa e demais obrigações. “Assim você pode construir uma reserva financeira para conquista dos seus sonhos”, frisou Erasmo Vieira.
O economista Cláudio Rocha frisou que o primeiro passo para quem deseja guardar parte de suas remunerações, periodicamente, é fazer uma revisão de todo o orçamento. Analisar quanto gasta com as dívidas fixas (como aluguel da casa e matrícula escolar) e com as obrigações variáveis (como combustível e supermercado). Depois de fazer este raio X, o pretenso poupador deve planejar o que pode ser cortado e se adaptar a um novo padrão de vida.
Cláudio Rocha disse que há uns oito anos conheceu uma diarista que comprou uma TV de LCD de 29 polegadas. Curioso, o economista perguntou como ela fazia para pagar o aparelho. Então, descobriu que a trabalhadora reservava o dinheiro ganho em uma das faxinas para pagar as prestações. “Se ela tinha dinheiro para pagar uma TV deste tipo, poderia investir numa poupança. Quando se quer se arranja dinheiro”, frisou.
É PRECISO MANTER DISCIPLINA
Uma dica do consultor de finanças Guilherme Baía para quem não consegue guardar dinheiro é fazer transferência automática de parte de seus vencimentos mensais para uma conta poupança. Ou seja, toda vez que o trabalhador receber seu salário do mês, parte dele já é direcionado diretamente para esta conta específica.
“Isso o obriga a viver apenas com o que restar do seu salário, que é a maior parte. O bom é que a pessoa não tenha cartão para movimentar esta conta para não cair em tentação e gastar”, sugeriu Baía. O consultor financeiro frisou que não faz sentido acumular dinheiro se a pessoa tem dívidas a pagar. Antecipar a quitação delas, começando pelas mais caras, deve ser prioridades para todos.
PLANEJAR GASTOS É A REGRA DOS POUPADORES
Com o objetivo de juntar dinheiro para pagar a reforma da casa, o enxoval e festa do casamento, o casal Carolina de Souto Ramos de Oliveira, 30 anos, fonoaudióloga, e Yuri Bandin Sátiro, 31 anos, programador, há dois anos destina uma parte do salário para uma poupança. O valor mensal não é fixo, varia de R$ 200 a R$ 2 mil.
Esse planejamento começou há dois anos, mas a possibilidade de realizar um sonho mudou um pouco a programação do casal.
“Como a Jornada Mundial da Juventude será realizada no Brasil, não resistimos à vontade de realizar um sonho antigo. Então, pegamos parte do dinheiro reservado para o casamento e vamos usar nessa viagem”, confessou Carolina de Oliveira.
Mas como tudo tem um preço, a mudança de planos vai trazer algumas alterações na festa de casamento. A comemoração terá menos pompa do que o previsto, já que alguns gastos foram usados para outra finalidade. “Minha mãe, que nos deu força para viajar, disse que vai nos ajudar a pagar algumas contas, mesmo assim, a festa será mais simples”, disse a noiva.
Ela frisou que sempre foi determinada na hora de reservar dinheiro para realizar algum projeto, ao contrário do noivo, brincou. “Para ele foi mais difícil reservar todo mês uma parte do salário. Mas eu o ajudava. Para poupar alguma coisa tem que haver mudança de alguns hábitos. Antes de decidirmos pela viagem colocamos tudo na ponta do lápis para ver se era possível. Agora vamos realizar um sonho. Tentamos ir quando a jornada foi em Madri, mas não deu. Como ela será no Brasil, será mais fácil”, confessou.
Da Redação
com Alexsandra Tavares
com Alexsandra Tavares
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