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quinta-feira, 7 de março de 2013

Preço do feijão registra alta de 40% em 12 meses

Ernesto de Souza

Depois da alta do tomate e da batata, agora a leguminosa é a que pesa no orçamento familiar

Os preços do feijão subiram 40% no mercado interno nos últimos 12 meses. A alta reflete a redução da produção nasafra de verão. “Esse aumento poderia ter sido evitado caso o governo federal tivesse ouvido os apelos do setor para melhorar a estrutura da cadeia”, avalia Marcelo Lüders, analista da Correpar Corretora. Para ele, o governo precisa estimular o plantio de variedades de feijão que sejam comercializadas no mercado internacional para que o país possa importar e exportar a leguminosa com facilidade e assim equilibrar o mercado interno. “Avisamos o governo que como a soja estava com preço mais atrativo muitosagricultores iriam plantar a oleaginosa em detrimento do feijão. Foi o que aconteceu e a área de cultivo de feijão caiu 8,2% na primeira safra”, avalia. 

Com isso, os preços pagos ao produtor do feijão tipo 8 – de qualidade media – em São Paulo atingiram R$ 245 por saca na última semana de fevereiro, em alta de 40% sobre os R$ 175 registrados na mesma semana de 2012. A alta já começou a ser repassada ao varejo, que registrou aumento de 100% no quilo do produto comercializado ao consumidor final. “A tendência é de que o mercado permaneça em alta até meados de maio e junho”, estima Lüders. 

Isso deve acontecer porque após a colheita da soja e do milho o produtor está plantando feijão, o que elevará a oferta na segunda safra do grão. Até lá, no entanto, os preços devem ser acima dos R$ 200 por saca. Lüders explica que em 2012 a demanda por feijão no mercado interno somou 3,8 milhões de sacas, volume acima das 2,9 milhões ofertadas pelos produtores nacionais, o que estimulou as importações, principalmente de feijão preto da China. O mesmo deve acontecer este ano. 

Duas grandes mudanças aconteceram no segmento: a tendência de queda do consumo está sendo revertida e o consumo per capita, que chegou a 16 quilos por habitante por ano na década de 1990, deve alcançar 20 quilos em 2020. Além disso, a produção nacional não está mais nas mãos de pequenos agricultores. “Mais de 50% da produção nacional de feijão vem de grandes produtores, mas o governo não modernizou suas políticas, que ainda são voltadas aos pequenos”, diz.

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