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sexta-feira, 21 de dezembro de 2012

Pesquisa no Campus de Sumé utiliza o umbuzeiro para a recuperação da Caatinga


Difundir alternativas de exploração agrícola sustentável e geração de renda para os pequenos produtores rurais, através do enriquecimento da Caatinga com o umbuzeiro, esse é objetivo de um projeto que está sendo desenvolvido no Centro de Desenvolvimento Sustentável do Semiárido da Universidade Federal de Campina Grande, Campus de Sumé.
O projeto “Adensamento do Umbuzeiro (Spondias tuberosa Arruda Cam.) em Áreas de Caatinga: Subsídios para a Conservação e a Sustentabilidade dos Recursos Naturais no Semiárido Brasileiro” está sendo aplicado em uma área modelo de 1 hectare no Campus de Sumé, onde foram plantadas mudas de Umbuzeiro (Spondias tuberosa Arr. Cam.).

De acordo com a professora Alecksandra Vieira de Lacerda, coordenadora do projeto, os dados gerados nesta pesquisa resultarão numa nova conscientização do agricultor em relação às potencialidades do seu meio, onde áreas antes devastadas serão recompostas, possibilitando a produção em larga escala através do cultivo orientado, e obtendo produtos de melhor qualidade e com maior valorização no mercado.
“Considerando a extensão e a importância econômico-ecológica da Caatinga para a população do Nordeste, bem como o nível de alteração a que o bioma já está submetido, torna-se necessária a realização de ações para a sua conservação e o uso racional dos recursos naturais nela existente. Nesse contexto, a prática de enriquecimento da Caatinga com espécies frutíferas de múltiplo uso, como é o caso do Umbuzeiro, pode se configurar como uma alternativa de renda para a população local, e ainda possibilitar a elevação tanto da produção, quanto da produtividade de espécies nativas, sem, contudo, comprometer a estabilidade desse bioma”, detalha a professora.
O projeto tem a colaboração da pesquisadora Francisca Maria Barbosa e como bolsista o estudante Tarcízio Jacinto de Oliveira Nunes, do 6º período do Curso de Agroecologia do Centro, além da participação de alunos voluntários dos cursos da área de tecnologia do Campus.
Foram implantados na área reservada para Estudos de Ecologia e Dinâmica da Caatinga, 70 mudas da planta, num espaçamento aproximado de 12×12 metros, dispostas de forma aleatória dentro da caatinga. Todas as plantas foram devidamente georreferenciadas na área de Caatinga enriquecida.
“Pretendo com a participação nesse projeto, melhorar minha formação acadêmica e adquirir um maior conhecimento sobre o umbuzeiro”, disse o estudante Tarcízio Nunes. Ele lembrou que as informações coletadas irão subsidiar os agricultores da região para que eles possam recuperar áreas degradadas e ao mesmo tempo ter retorno econômico com a exploração sustentável da planta.Atualmente, a equipe do projeto está efetuando o monitoramento das mudas para o acompanhamento das fenofases (etapas da vida da planta) e sobrevivência das mesmas. De acordo com a professora Alecksandra Lacerda, “apesar da importância socioeconômica, as pesquisa relacionadas ao umbuzeiro são ainda pouco expressivas, sendo necessária a realização de mais trabalhos referentes à ecologia populacional desta espécie frutífera nativa”.
“Seguindo a ideologia do projeto, pretendo atuar profissionalmente, após minha formação, na recuperação de áreas degradadas com espécies que possam, além de tudo, auxiliar o homem do campo financeiramente e fazendo com que ele deixe de lado a ideia de desmatamento”, falou o estudante.
A planta
O umbuzeiro ou imbuzeiro (Spondias tuberosa, L., Dicotyledoneae, Anacardiaceae), é originário dos chapadões semiáridos do Nordeste brasileiro, nas regiões do Agreste (Piauí), Cariris (Paraíba), Caatinga (Pernambuco e Bahia) a planta encontrou boas condições para seu desenvolvimento encontrando-se, em maior número, nos Cariris Velhos, seguindo desde o Piauí à Bahia e até norte de Minas Gerais. No Brasil colonial era chamado de ambu, imbu, ombu, corruptelas da palavra tupi-guarani “y-mb-u”, que significava “árvore-que-dá-de-beber”. Pela importância de suas raízes foi chamada “árvore sagrada do Sertão” pelo escritor Euclides da Cunha.
O umbuzeiro é uma árvore de pequeno porte em torno de 6m de altura, de tronco curto, esparramada, copa em forma de guarda-chuva com diâmetro de 10 a 15m projetando sombra densa sobre o solo, vida longa (100 anos), é planta xerófila. Suas raízes superficiais exploram 1m de profundidade, possuem um órgão (estrutura) – túbera ou batata – conhecida como xilopódio que é constituído de tecido lacunoso que armazena água, mucilagem, glicose, tanino, amido e ácidos. O caule, com casca cor cinza, tem ramos novos lisos e ramos velhos com ritidomas (casca externa morta que se destaca); as folhas são verdes, alternas, compostas, imparipenadas, as flores são brancas, perfumadas, melíficas, agrupadas em panícula de 10-15cm de comprimento. O fruto – umbu ou imbu – é uma drupa, com diâmetro médio 3,0cm, peso entre 10-20 gramas, forma arredondada a ovalada, é constituído por casca (22%), polpa (68%) e caroço (10%). Sua polpa é quase aquosa quando madura. A semente vai de arredondada a ovalada, peso de 1 a 2,0 gramas e 1,2 a 2,4cm de diâmetro, quando despolpada.
O umbuzeiro perde totalmente as folhas durante a época seca e reveste-se de folhas após as primeiras chuvas. A floração, pode iniciar-se após as primeiras chuvas independentemente da planta estar ou não enfolhada; a abertura das flores dá-se entre 0 hora e quatro horas (com pico as 2 horas). 60 dias após a abertura da flor o fruto estará maduro. A frutificação inicia-se em período chuvoso e permanece por 60 dias. A sobrevivência do umbuzeiro, através de tantos períodos secos, deve-se à existência dos xilopódios que armazenam reservas que nutrem a planta em períodos críticos de água.
Com Ascom
Rosenato Barreto 

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