Apesar da alta dos últimos anos, o rebanho paraibano deve apresentar forte redução ao final deste ano. A intensa seca que assola o interior do Estado vem comprometendo drasticamente a criação de gado dos pecuaristas paraibanos, que, segundo estimativa da Federação da Agricultura e Pecuária da Paraíba (FaepaPB), deve registrar uma queda em torno dos 30% neste ano. Com a baixa, o Estado deverá levar de oito a dez anos para voltar aos números de 2011.
Para o presidente da Faepa-PB, Mário Borba, o total de 1,354 milhão de cabeças de gado contabilizadas na Paraíba pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), em 2011, pode chegar a apenas 950 mil neste ano. “Uma parte do rebanho foi vendida para outros estados, a outra parte foi para o abate e ainda tem o gado que está morrendo em virtude da seca. Não há dúvidas de que a redução será bastante considerável”, afirmou. Outros dois fatores que ainda afetam o setor é a perda de peso do rebanho, que traz desvalorização no mercado, e os custos para alimentação que dispararam, principalmente, para o pequeno pecuarista, que está mais descapitalizado.
Se a estimativa for concretizada, a Paraíba voltará ao ano de 2002, quando o efetivo bovino era de 951,698 mil cabeças. Essa pode ser a primeira grande queda do período, que teve apenas uma leve redução no rebanho em 2003 (950,865 mil cabeças).
O efetivo rebanho da Paraíba cresceu na década (2002 a 2011) 42,37%, enquanto o Nordeste registrou alta menor (23,8%), no mesmo período. Em 2002, o Nordeste tinha 23,892 milhões de cabeças e subiu para 29,585 milhões, em 2011.
Além da alta registrada no período, o rebanho paraibano vem crescendo até o ano passado acima da média nordestina. “A década de 2000 foi ótima, capaz de recuperar as perdas dos anos 90, quando uma seca de seis anos levou a uma queda semelhante à atual. Acredito que agora teremos que esperar outros dez anos para voltarmos aos números do ano passado”, apontou Borba.
Sobre o assunto, a analista agrícola do IBGE, Fernanda Teixeira, explica que, apesar de não ser possível ainda precisar um número, o cenário no qual a Paraíba está inserida agora é bem parecido com o das últimas estiagens. “O IBGE ainda não tem um percentual certo de quanto será essa redução, pois só vamos fazer o levantamento do ano a partir de janeiro, mas em termos agrícolas posso dizer que voltamos aos anos de 1998, 2001 e 2002, quando houve uma baixa na produção e no rendimento”, disse.
Entre as regiões mais afetadas, Mário aponta os municípios do Sertão, Cariri e Curimataú como os grandes afetados. A queda, porém, deve ser sentida em todo o Estado. “O Cariri está muito sacrificado, assim como o Vale do Piancó, mas a verdade é que não está chovendo em lugar algum. Já vai fazer um ano e meio que está assim, nossa esperança está nos meses de fevereiro e março”, contou, informando que a Paraíba possui hoje 173 mil propriedades rurais.
O secretário do Desenvolvimento da Agropecuária e da Pesca do Estado, Marenilson Batista, garante que o Governo da Paraíba está tomando uma série de medidas para tentar amenizar os efeitos da seca para os produtores rurais. “O governo está trabalhando na abertura e conserto de poços, na distribuição de ração gratuita ou subsidiada, além de programas como o Garantia Safra e o Bolsa Estiagem, que juntos atendem cerca de 165 mil famílias”, enumerou. Atualmente, 195 municípios paraibanos se encontram em situação de emergência por causa da seca.
Os números oficiais do efetivo bovino em 2012 só devem ser divulgados pelo IBGE no segundo semestre do ano que vem.
Com JP
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