O caso do lutador de MMA, Ray Elbe, que fraturou o pênis durante uma relação sexual com a namorada espanta, mas não é incomum de acordo com urologistas entrevistados pelo Terra. A namorada de Elbe estava por cima dele quando ocorreu o rompimento. “Existe uma posição particular responsável por 90% dos casos: o homem deitado e a mulher por cima dele virada na direção dos pés do homem”, disse o urologista membro da Sociedade Brasileira de Urologia, Adalberto Andriolo Jr.
Segundo o médico, a fratura acontece quando a penetração se perde, a mulher senta abruptamente sobre o parceiro, bate o osso pélvico no órgão masculino e “o pênis dobra muito rápido”. “Geralmente é na hora do orgasmo em que a mulher perde um pouco a concentração. O homem escuta um barulho, sente dor e perde a ereção”, contou, “não precisa ser um impacto muito forte”, acrescentou. Segundo ele, o problema é responsável por “uma em cada 175 mil internações nos EUA”.
Sobre o sangramento relatado por Elbe, Andriolo Jr. explicou que o pênis é formado por duas estruturas cavernosas, envolvidas por uma membrana elástica chamada albugínea, que se dilata de sangue durante a ereção. Quando ocorre o rompimento dessas paredes, o sangue vaza para dentro do pênis que fica com um tom arroxeado, afirmou o urologista e diretor do Hospital CECMI, Arnaldo Cividanes. “São dois cilindros de sangue que se rompem”, resumiu.
Em casos mais graves, segundo Cividanes, a fratura pode afetar as paredes da uretra, canal logo abaixo das duas hastes que sustentam o pênis ereto, e fazer com que o sangue saia pelo canal. “Os piores traumas são durante a atividade sexual, geralmente de jovens que são mais afoitos e têm relação mais intensa. Mas pode acontecer também quando o homem está dormindo, tem a ereção noturna e de repente se vira, dobrando o pênis”, exemplificou.
Tratamento
O procedimento adotado em situações de alta complicação é a drenagem do sangue para evitar infecções e a reestruturação do órgão, disse Cividanes. No entanto, a cirurgia só pode ser feita nas primeiras 12h após o rompimento. Após o período, segundo o diretor da Sociedade Brasileira de Urologia, Luiz Otávio Torres, o tratamento é de suporte. “Antes do tempo limite dá para abrir, costurar e reestruturar. Depois, quando já parou de sangrar, o tratamento é com gelo ou calor. Ás vezes enfaixamos o pênis para dar suporte”, explicou.
A cirurgia possibilita recuperação mais rápida, porém a maioria dos caso, de acordo com Cividanes é tratado sem intervenção cirúrgica. Durante o tratamento, o homem precisa tomar medicamentos para inibir a ereção noturna e aplicar gelo. O repouso sexual deve durar no mínimo quatro semanas, segundo os urologistas.
Os urologistas entrevistados pelo Terra descartaram o risco de perda permanente da ereção, porém, uma das sequelas é a fibrose ou curvatura peniana. De acordo com Torres, o sintoma só pode ser percebido após a recuperação, mas caso a curvatura seja muito acentuada, é possível corrigi-la com cirurgia.
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