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quarta-feira, 31 de outubro de 2012

Fome versus vontade de comer: você sabe a diferença? Veja aqui a diferença


A obesidade, doença que já atinge quase metade da população brasileira, segundo o Ministério da Saúde, tem diversas causas, e a cada vez mais complicada relação entre a fome verdadeira e a simples vontade de comer é um desses fatores.

Isso porque hoje, devido à crescente incidência de males como ansiedade, estresse e depressão, muitos estão descontando todas as frustrações e problemas diários na comida e, consequentemente, ingerindo uma quantidade de alimentos bem maior do que organismo precisa para viver.

Segundo a nutricionista Priscila Rosa, da Equilibrium Consultoria, isso acontece porque o desequilíbrio emocional pode gerar uma queda no nível de serotonina no organismo. Esse neurotransmissor, responsável pela sensação de bem-estar, é produzido pelo corpo quando açúcares são ingeridos.


Nestes casos, a pessoa come simplesmente para tentar preencher o vazio emocional e se sentir melhor. “O indivíduo busca no alimento, principalmente os gordurosos, como fast foods, chocolates, sorvetes e doces, a sensação de bem-estar que está faltando”, explica a nutricionista Jocelem Salgado. E as mulheres saem em desvantagem neste quesito.

Já a fome verdadeira é bem diferente e resulta da necessidade fisiológica do organismo de obter nutrientes. “Quando a nossa taxa de açúcar no sangue fica baixa, no período entre as refeições, o cérebro entende que o combustível para manutenção das funções vitais está acabando e então envia sinais ao corpo. É quando sentimos o estômago ‘reclamando’”, diz Rosa.

E ela tem “sintomas” físicos bem definidos. “Sentimos o estômago roncar, e se não nos alimentarmos logo, pode ocorrer cefaleia, aquela dor de cabeça que só vai passar depois que for feita a refeição”, continua a nutricionista.

Alimento e afeto

Do ponto de vista psicológico, a ligação entre emoções e comida começa quando ainda se é bebê, muito antes de qualquer desequilíbrio químico no organismo. “A relação afetiva com o alimento começa já no nascimento, quando precisamos mamar para sobreviver física e emocionalmente”, conta a psicóloga Sandra Hamzeh.

O ato de mamar passa, então, a ser associado pelo bebê à sensação de afeto e proteção. “Levamos essa condição e conceitos formados desde então para nossa vida adulta, quando ‘confundimos’ e ‘camuflamos’ nossas necessidades por meio do alimento”, continua ela.

Além dessa ligação, há também as lembranças que alguns alimentos despertam. Pode ser aquele bolinho de chuva da infância ou o peru de todos os Natais, quando os avós ainda estavam vivos. “É quando sentimos vontade de determinado prato por nos lembrarmos de alguma pessoa ou situação que nosso cérebro registrou como sendo um momento importante ou prazeroso”, diz Rosa.

Estímulos externos também podem despertar a vontade de comer, sem necessariamente que estejamos com fome. É o caso daquele cheiro de comida caseira no corredor do prédio ou da pizza quentinha do delivery ao lado de casa. “Quando o odor de alguma preparação vem pelo ar, podemos sentir vontade de comer aquele alimento”, diz Rosa.

Culpa

A vontade de comer que ultrapassa o limite aceitável e leva à obesidade é uma armadilha da qual é difícil sair. Ela gera um círculo vicioso de culpa e baixa autoestima que pode fazer a pessoa se afundar cada vez mais no mar de alimentos.

“As emoções mal direcionadas levam o indivíduo a comer demais e à obesidade. Isso gera frustração, complexos, carência, solidão, isolamento intencional, enfim, ele se sente culpado por comer demais e come ainda mais para superar a culpa. Cria-se assim um circulo vicioso onde a principal vitima é ele próprio”, avalia Rapenas.


Isso tudo sem contar o risco de doenças cardiovasculares, diabetes, pressão alta e colesterol que a obesidade acarreta.

Para quebrar o círculo vicioso da comida, o tratamento ideal envolve uma equipe multidisciplinar que inclui médico, nutricionista e terapeuta. “Um time de especialistas que acompanhe a dieta, os horários e ajude a observar os gatilhos emocionais que geram o comer abusivo”, diz Repanas. Tudo isso, claro, sem dispensar a atividade física.

Para a psicóloga, fazer uma revisão diária do que e de quando se comeu permite reavaliar com mais clareza se aquela vontade repentina pode ser o anúncio de fome ou não. “A partir dessa autoavaliação faço a escolha de comer e do que comer de acordo com minhas metas e dieta, deixando assim de ser somente um impulso automático, um comportamento irracional e vicioso”, avalia.

As mulheres devem prestar especial atenção aos sinais de seus corpos. “Elas são mais ‘emocionais’ que os homens, então é mais comum que descontem suas angústias e alegrias na comida. Além disso, na fase de TPM, pela mudança hormonal, pode aumentar o desejo por doces e chocolates”, pontua Rosa.

Vida regrada

Uma alimentação balanceada ajuda muito na tarefa de identificar a fome quando ela vem. O ideal é comer de forma fracionada ao longo do dia, a cada três horas. A constância nos horários das refeições também ajuda o organismo a se “autorregular” e a comunicar quando a fome chega e qual o ponto em que o corpo está saciado.

Jocelem Salgado dá ainda uma dica para quem está na luta para combater o desejo por comida: “A vontade de comer pode ser aliviada por meio do consumo de alimentos ricos em fibras, como aveia, mamão, soja e cereais integrais (arroz, granolas e castanhas). Uma das propriedades das fibras é a sensação de saciedade, a qual reduz o apetite”.

Em todos os casos, é sempre importante procurar um médico, para que ele oriente qual o melhor tratamento em cada caso e descarte outros fatores que podem levar à vontade de comer algo, como deficiência nutricional, problemas metabólicos ou hormonais. 

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