Artista popular nordestino, autor de músicas e letras sobre o sofrimento dos seus conterrâneos e símbolo de uma campanha para ajudar os flagelados da seca em 2000, o operário Luiz Pedro da Silva, não chama atenção pelo ritmo do baião ou pela letra de suas composições. Nesta semana, as equipes de TVs o procuraram para contar como ele vive casado com três mulheres ao mesmo tempo, mora em uma casa de quatro cômodos com 18 filhos, e ainda consegue dar carinho a todas, sem que uma sinta ciúmes da outra.
"As equipes de TV estiveram aqui, mas me decepcionaram, porque não se interessaram pela minha música ou pelo sofrimento que estou passando. Quiseram saber apenas da minha vida particular, se dou carinho para minhas três esposas, se elas estão satisfeitas, essas coisas privadas", contou Luiz Pedro.
Alagoano de Girau do Ponciano, Luiz Pedro, 45 anos, está desempregado, sem dinheiro, morando em uma conjunto habitacional na pequena cidade paulista de Santo Antônio do Aracanguá, a 555 km de São Paulo. "Vim para cá, trazido pelo sogro da minha primeira mulher. Mas não consigo emprego e recebo pouca ajuda da assistência social, que, por enquanto, me arrumou apenas parte de uma cesta básica e um colchão velho", disse.
A residência, que fica em um conjunto de casas cujos moradores são na maioria vindos do Norte-Nordeste para trabalhar nas usinas de álcool de São Paulo, teve o primeiro aluguel, de R$ 350,00, pago pelo sogro. "A gente se arruma aqui, dorme na sala, no sofá, no chão, na cozinha e nos dois quartos."
A primeira mulher de Pedro, Damiana, 35 anos, é a única que recebe ajuda da assistência governamental, R$ 306,00 da Bolsa Família. "Não conseguimos a bolsa do programa Renda Cidadã, embora todos nossos filhos estejam na escola", disse. "Fui na prefeitura e na secretaria que cuida desses benefícios, mas consegui apenas a doação do leite para crianças", afirmou ela.
Se o poder público não ajuda como deveria, os vizinhos doam alimentos, móveis e roupas para a família. "A gente faz aqui o que pode. São nossos vizinhos e é gente como a gente", diz o pernambucano Josuel Oliveira, morador no mesmo bairro, que se mudou para Aracanguá há 10 anos.
A esperança da família é que Pedro comece a trabalhar com serviços gerais em uma usina de álcool nos próximos dias. "Estou fazendo os exames para admissão, tomara que comece logo, preciso trabalhar para sustentar minha família", afirmou ele, que se orgulha de sempre estar ao lado das esposas e filhos e dar uma educação exemplar para os menores.
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