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segunda-feira, 28 de fevereiro de 2011

Paraibano vira destaque no Rio de Janeiro vendendo cachaça



Quem passa pela rua Reia, no bairro Vila Rosário, em Duque de Caxias, Baixada Fluminense, não imagina que no restaurante do Mussarela existe uma verdadeiro tesouro. Não, o paraibano Carlos Antônio Clementino dos Santos (foto), o Mussarela, de 53 anos, não guarda dinheiro ou joias. Sua ‘riqueza’ é líquida, deriva da cana de açúcar e está engarrafada. O restaurante simples, especializado na culinária nordestina, é uma referência quando o assunto é cachaça. São mais de 300 rótulos diferentes, com exemplares que chegam a custar R$ 985, como a Dona Beja, envelhecida 12 anos, cuja dose vale R$ 70.

O valor, mais de R$ 1 por mililitro – já que a garrafa tem 700 ml – é muito maior do que o de algumas garrafas de uísque consideradas caras, como o Blue Label, com malte 25 anos, que custa até R$ 600, e o Royal Salute, 21 anos, que chega a custar R$ 400.

Mussarela, que ganhou o apelido quando trabalhava com a venda de laticínios, garante que a cachaça não envelhece na prateleira.

- Compramos umas duas garrafas por vez porque é um produto caro. Mas tem saída sim. Quem aprecia cachaça paga. Recebemos muitas pessoas que vêm de longe, como da zona sul do Rio e até de outras regiões, como Nova Friburgo [região serrana], por exemplo.

O comerciante é exigente e se recusa a trabalhar com aguardentes de baixo preço.

- Só temos produtos de boa qualidade, cachaça de alambique. Não posso vender um produto que a garrafa custa R$ 3, R$ 4, se uma garrafa de álcool custa R$ 5. Outro dia, um rapaz esteve aqui e pediu para tomar apenas R$ 10 dessa cachaça de R$ 985. Tirei a rolha e pedi para ele dar uma cheiradinha.

Existem ainda outras cachaças com preços surpreendentes. Uma garrafa de Anísio Santiago custa R$ 496. Já a Germana 10 anos sai a R$ 298 e a Vale Verde, R$ 275. Mas há também cachaças mais acessíveis: a mais em conta custa R$ 17.

Mussarela, que foi motorista de ônibus durante 20 anos, trabalha com cachaça há 15. Ele decidiu investir no próprio negócio após uma redução de salário na empresa onde trabalhava. Atualmente, conta com oito funcionários e até o fim do ano vai se mudar para uma área muito maior na avenida Presidente Kennedy, no bairro São Bento, com estacionamento para 70 carros.

Além da cachaça, o restaurante serve alguns pratos que atraem muita gente, de quarta-feira a domingo, das 11h às 22h. Picanha de carne de sol, costela de porco cozida na cachaça, carneiro e paleta de cordeiro são algumas das delícias.

Mais de 40 mil produtores e 600 mil empregos gerados

De acordo com o Ibrac (Instituto Brasileiro da Cachaça), o Brasil possui uma capacidade de produzir 1,2 bilhão de litros de cachaça por ano. Atualmente, existem mais de 40 mil produtores, responsáveis por aproximadamente 4.000 marcas.

As microempresas respondem por 99% do mercado, que emprega direta e indiretamente mais de 600 mil empregos. Os principais Estados produtores são São Paulo, Pernambuco, Ceará, Minas Gerais e Paraíba.

Quanto aos consumidores, somam-se aos produtores Rio de Janeiro e Bahia.

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