João Pessoa é a 4º capital mais violenta do país: de cada 100 mil habitantes, 56,6 foram assassinados em 2007. A capital paraibana fica atrás apenas de Maceió (97,4), Recife (87,5) e Vitótia (75,4). É o que aponta a pesquisa ‘Mapa da Violência – Anatomia dos homicídios no Brasil’, considerado o mais completo estudo sobre o assunto no país e que foi publicado ontem, em São Paulo pelo Instituto Sangali. Já Campina Grande ocupa a 4ª posição na Paraíba com maiores índices de homicídios. Em 2007, de cada 100 mil habitantes, 140 pessoas foram mortas. Nos três primeiros lugares estão, pela ordem, João Pessoa, Santa Rita e Bayeux.
A pesquisa mostra ainda que Campina Grande ocupa a 10º posição no ranking das cidades brasileiras com mais homicídios na faixa etária de zero e 19 anos. Em 2007, por exemplo, em cada 100 mil habitantes, 71 pessoas foram assassinadas na cidade antes de completar 20 anos de idade. A cidade só perde para dois municípios do Nordeste, Itabuna (BA), que está em segundo lugar; e Olinda (PE) na 9ª posição.
Já a evolução dos homicídios de jovens a partir dos 15 aos 24 anos, em cada 100 mil habitantes, Campina Grande registrou, em 2007, 76 homicídios e ocupa a 240° lugar no ranking nacional.
A pesquisa mapeia os dados sobre violência no país num período de dez anos – de 1997 a 2007. Os números, organizados pelo sociólogo Júlio Jacobo Waiselfisz, do Instituto Sangari, são ainda mais impressionantes se comparado com 1997. Naquele ano, João Pessoa aparecia apenas em 16º colocado, com uma relação de 33,3 homicídios para cada 100 mil habitantes. A cidade foi uma das capitais que mais evoluíram no ranking, subindo 12 posições na disputa para saber qual a capital brasileira que mais registra homicídios em um ano.
João Pessoa, inclusive, evoluiu na mesma proporção de Aracaju, que saiu de 23º em 1997 para 11º em 2007 e só ficou atrás de Belo Horizonte, que ao saltar de 22º para 6º lugar em dez anos subiu 16 posições. Em números absolutos, a capital paraibana registra índices igualmente temerosos. Em 1997, a cidade registrou 187 homicídios, contra 387 registrados dez anos depois. Assim, João Pessoa é uma das seis únicas capitais brasileiras que aumentaram em mais de 100% o número de homicídios em apenas uma década (as outras são Belo Horizonte, Curitiba, São Luís, Terezina e Aracaju).
Já na relação das 300 cidades brasileiras mais violentas em termos proporcionais, João Pessoa ocupa a 93ª posição e é a primeira colocada da Paraíba. O Estado ainda possui outras duas cidades na lista das trezentas piores. Santa Rita está em 232º, com 41,8 assassinatos para cada 100 mil pessoas, e Bayeux está em 298º, com 38,5 assassinatos por cada cem mil. A cidade em que mais se mata no país é Juruena, no Mato Grosso.
O jovem Jonathan Silva Santana foi uma das vítimas incluídas nesta triste estatística. Ele foi assassinado em novembro de 2006, então com 19 anos, enquanto passava de moto pelo bairro do Cristo, em João Pessoa. Segundo Rosa Silva, mãe da vítima, o jovem tinha se envolvido em uma briga alguns dias antes e desde então “ficou marcado” pelos amigos do outro rapaz. “Há suspeitas que o crime tenha ligação com isso. Houve denúncias e suspeitos, mas até hoje ninguém foi preso”, lamenta Rosa. “Ele era meu único filho, foi muito triste”, completa.
na paraíba
Em se tratando dos dados divulgados, se na capital a situação é muito ruim, em níveis globais a Paraíba até que fica fora da lista dos Estados mais violentos. Apenas em 16º colocado nos números proporcionais dos Estados onde mais se cometem homicídios, a média estadual é bem menor do que os registrados nas três cidades paraibanas mais violentas: 23,6 homicídios registrados em 2007 para cada 100 mil habitantes. Em 1997 esta relação era de 14,7 e o Estado estava em 19º lugar.
A reportagem tentou entrar em contato com o comandante da Polícia Militar na Paraíba, Wilde de Oliveira, mas não obteve sucesso, pois ele se encontrava em uma reunião. Já o secretário de Segurança e Defesa Social do Estado, Gustavo Gominho, não quis se pronunciar sobre o assunto. Ele disse somente que “não conhecia os dados, nem tampouco o instituto que realizou a pesquisa, por isso não iria falar sobre o caso”.
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