O que é considerado salvação para os filhos da seca nordestina, pode aumentar ainda mais a desertificação do solo. Para alguns pesquisadores, a transposição do Rio São Francisco é considerada perigosa, caso os agricultores não sejam instruídos sobre a forma correta de irrigação. “Se o processo não for muito bem acompanhado, pode ser um desastre para alguns lugares”, argumenta o geógrafo Bartolomeu Israel de Sousa.
Segundo o especialista, a irrigação feita de forma equivocada, ou seja, por alagamento, provoca a salinização. “Na cabeça de muitos produtores, o problema é a falta de água. Mas se não fizer da forma correta, vai degradar ainda mais, porque o sal está no solo”, explica. Por incrível que pareça, o ideal é evitar irrigar nesses lugares.
Existem outros meios que permitem a recuperação dessas áreas - como as usinas de dessalinização -, mas são muito caros. “Não é uma tecnologia disponível do ponto de vista financeiro para os pequenos produtores, que na verdade, são a grande maioria”. Na Paraíba, os locais mais salinizados estão localizados próximos a açudes, como em Boqueirão, São Gonçalo e Condado. Os agricultores puxam a água do açude e irrigam as áreas próximas de qualquer forma, ávidos por colher algo. A forma correta é por gotejamento, que, por sinal, é a mais cara. Esse sistema derrama água em apenas uma parte do local, reduzindo a superfície do solo que fica molhada.
Depois de décadas sendo renegada pela ciência e órgãos do meio ambiente, a caatinga entrará na roda de debates da Conferência das Nações Unidas sobre o Desenvolvimento Econômico, que será realizada em junho deste ano, no Rio de Janeiro. Com o Rio+20 batendo à porta, estudiosos, governantes e produtores estão mais engajados no combate a desertificação. Na última sexta-feira, foi realizada a Pré-Conferência Estadual de Desenvolvimento Sustentável do Bioma Caatinga, em Campina Grande.
O evento formalizou os comitês estaduais e o documento que será levado para a Rio+20, com propostas de ações efetivas. De acordo com o secretário executivo de Recursos Hídricos, do Meio Ambiente e da Ciência e Tecnologia, Fábio Agra, o documento é uma compilação de debates em várias audiências públicas realizadas nos últimos quatro anos. “Antes de ser apresentada na Rio+20, esta carta de reivindicações será levada para a Conferência Regional, onde será discutida juntamente com documentos de outros Estados”, explicou o secretário.Dentre as propostas que constam no documento da Paraíba, estão a criação do pagamento por serviços ambientais voltados à proteção da caatinga, em pequenas e médias propriedades (Bolsa Preservação); a produção de mudas e repovoamento de espécies nativas; a adoção e difusão de tecnologias para estoque de forragens no período seco; a instalação de consórcios para construção dos aterros sanitários; e a formação de consórcio intermunicipal para construção/aquisição de câmaras frias (bancos de germoplasma) para a conservação de sementes destinadas à recuperação da vegetação nativa.
Para acabar com a visão do solo rachado, o Governo da Paraíba aposta no Plano Estadual de Combate à Desertificação.
O secretário Fábio Agra afirma que foi aprovado ano passado, um investimento internacional de US$ 50 milhões para os próximos quatro anos. “Esse valor tem uma contrapartida do Estado e também do Fundo Interamericano de Desenvolvimento. Tudo será aplicado em capacitações, investimentos em pequenos empreendimentos agropecuários e produção de plantas nativas para recomposição de áreas degradadas. Eu acredito que as políticas públicas, a universidade e as ONGs estiveram mais próximas dos agricultores nos últimos anos. O grande trunfo é difundir tecnologia para que possamos conviver com a seca”, disse.
Jornal Correio da Paraíba
Olá amigo Didi,
ResponderExcluirrealmente a desertificação,em todo o semiárido nordestino,e principalmente em nosso cariri paraibano,é um grande problema para toda a população que vive nesse pedaço de chão.
Infelizmente,esse triste realidade continua aumentando sua área,e a nossa caatinga,vai virando carvão,e se tornando um imenso deserto,sem quase nada seja feito para reverter essa triste constatação...
Abraço.
Paulo Romero.
Meliponário Braz.